segunda-feira, junho 18, 2007

Apelo público!

Aos navegantes que por aqui passam: faz algum tempo coloquei no blog informações sobre um livro magnífico chamado "A Duquesa e o Céu" do autor Sergio Lemos. Pois então, aconteceu dessa postagem ser comentada pela, imagino, esposa do Sérgio - Maya Lemos. No entanto, o que ela não sabe, e nem tem como saber, é que eu sou viciado nos meus autores preferidos e fiquei sabendo por meio de uma publicação que o Sérgio tem um terceiro livro editado - eu não sei qual é o nome, mas não é "A luz no caleidoscópio". Caso a senhora Maya Lemos ou alguém que a conheça, ler esse apelo, por favor me informem como obter esse livro!

obrigado

terça-feira, junho 05, 2007

Risco - curta metragem que vi na macrugada

clique no título e terão acesso ao curta metragem "Risco" de Bernardo Gebara e Renato Andrade, sobre um andarilho carioca que risca os muros do rio de janeiro. muito legal.

segunda-feira, junho 04, 2007

titia hilda - do desejo

Do Desejo
de Hilda Hilst



E por que haverias de querer minha alma

Na tua cama?

Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas

Obscenas, porque era assim que gostávamos.

Mas não menti gozo prazer lascívia

Nem omiti que a alma está além, buscando

Aquele Outro. E te repito: por que haverias

De querer minha alma na tua cama?

Jubila-te da memória de coitos e de acertos.

Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

(Do Desejo - 1992)



* * *



Colada à tua boca a minha desordem.

O meu vasto querer.

O incompossível se fazendo ordem.

Colada à tua boca, mas descomedida

Árdua

Construtor de ilusões examino-te sôfrega

Como se fosses morrer colado à minha boca.

Como se fosse nascer

E tu fosses o dia magnânimo

Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

( Do Desejo - 1992)



* * *



Que canto há de cantar o que perdura?

A sombra, o sonho, o labirinto, o caos

A vertigem de ser, a asa, o grito.

Que mitos, meu amor, entre os lençóis:

O que tu pensas gozo é tão finito

E o que pensas amor é muito mais.

Como cobrir-te de pássaros e plumas

E ao mesmo tempo te dizer adeus

Porque imperfeito és carne e perecível



E o que eu desejo é luz e imaterial.



Que canto há de cantar o indefinível?

O toque sem tocar, o olhar sem ver

A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.

Como te amar, sem nunca merecer?

(Da Noite - 1992)



(Do Desejo - Campinas, SP: Pontes, 1992.)

titia hilda - danação do amor

Amavisse
de Hilda Hilst



Como se te perdesse, assim te quero.

Como se não te visse (favas douradas

Sob um amarelo) assim te apreendo brusco

Inamovível, e te respiro inteiro



Um arco-íris de ar em águas profundas.



Como se tudo o mais me permitisses,

A mim me fotografo nuns portões de ferro

Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima

No dissoluto de toda despedida.



Como se te perdesse nos trens, nas estações

Ou contornando um círculo de águas

Removente ave, assim te somo a mim:

De redes e de anseios inundada.

(II)



* * *