domingo, janeiro 17, 2010

conversa no facebook

Sandro Alves Silveira: Li em algum lugar sobre o momento do Haiti: "Não tem ESPAÇO ALGUM para questionarmos as motivações ou veracidades ou não da comoção ..." É interessante como as catástrofes trazem uma humanidade de emergência à tona.


Sandro Alves Silveira: Vou reler todos os comentários que li ontem para encontrar um que fala das mazelas à "varejo" em contraste com as mazelas no atacadão, como essa do terremoto. É importante um evento como esse para tentarmos entender que nem a emergência da catástrofe pode fazer submergir alguns lembretes que vêm à superfície todos os dias "a varejo". Recusar a reflexão em nome de alguma urgência é um ato que pode ter a cor de burro quando foge. E o burro aqui persiste.

Sandro Alves Silveira: Estou vendo gente por ai mostrando números de morte no Brasil por causas que poderiam ser evitadas. Sinto uma insensibilidade, mas retiro disso interrogações.

Zepe Bsb: Em um mundo competitivo, a distribuição de renda e de burrice como faz o nosso 'Papa Doc', não seria uma das causas.
Te dou "bolsa" para votar em mim. Breve seremos um Haiti, com estátua gigantesca del Lulón na esplanada ???

Sandro Alves Silveira: Os EUA não deixaram os navios tupiniquins chegarem no Haiti. Ou já autorizaram? Kkkkk! É um mundo muito tragicômico! Só chorando, só rindo!

Savio Ivo:
também li umas coisas a esse respeito. achei legal sua atitude de retirar as interrogações. me dá um tédio imenso essa conversa de reduzir a ajuda governamental a uma questão eleitoreira. boa parte desses "comentaristas" não sabem patavina de politicas públicas ou da necessidade delas. bando de corporativista babaca - mesmo quando não sabem que o são, babacas ou corporativistas.

lembra do cristovão buarque? lembra do josué de castro? do paulo freire? os irmãos vilas-boas? tem o que se melhorar? tem, mas a merenda escolar é uma realidade e a fome que ela aplaca é fato, a queda do analfabetismo tb, o parque do xingu e o reconhecimento das questões indigenas idem

se isso rendeu voto para alguem, foda-se. ainda assim o mundo está melhor do que estava.

o que eu vejo é um bando de gente querendo um regime ditatoria, e de gosto, que eles próprios estejam no comando para exercer a sua mão de ferro, ignorancia e pretensão. é que nem dar palpite em escalação de time de futebol. ""se eu fosse o técnico..."

como disse uma senhora muito vivida: macarrão só é duro fora da panela.

p.s.: comparar brasil com haiti, nem em conversa de buteco. faz favor.


Savio Ivo: curioso é pensar que a maioria do público com terceiro grau completo, só ouviu falar do josue de castro via chico science, se muito. e falam horrores do ganho social proporcionado pelo governo lula e fhc, tiram onda de politizado e consciente.

Sandro Alves Silveira: Merenda escolar = Josué de Castro! Escolas Parques e pesquisa nas universidades = Anísio Teixeira. Implantação do sistema de trânsito civilizado, do saúde em casa e da bolsa escola em algum lugar desse pais = Cristovão (por mais que eu tenha reservas a ele esses méritos ele tem).

Concordo, Sávio, "se isso rendeu voto para alguém", menos mal. Se tem escrotidão ai, tem muito mais nos Mau lufs, Horroris e Arruinas que fazem viadutos e estradas para melhor superfaturar.

Se o nordeste virou curral eleitoral do Lula, essa "curra" trouxe benefícios: as milhares de mães que tiveram seus filhos salvos da subnutrição, os vilarejos e cidades que viram o comércio crescer, o emprego surgir e a vida econômica lhes motivar a ficar por lá por causa da bolsa.

Sou a favor de cobrar e vigiar a demagogia e as mentiras que o Lula e o PT vão tascar de agora para frente. Esse plano megalomaníaco que levou o PT de um partido das bases, que deveria eleger mais vereadores e prefeitos do interior para essa ambiciosa e desesperada corrida presidencial tem altíssimos preços. Não é porque, até hoje, todos os meus votos foram para o PT que eu vou aceitar planos manipuladores e autoritários para a manutenção de certos grupos e certos sujeitos no poder. Existe o pergio de algum PT (são muitos PTs) e o Lula atrapalharem a democracia cegados, inclusive, pelos êxitos alcansados. Cegados mais mesmo pela mesma megalomania, sede de poder que tirou o PT de seu caminho de partido de base. Agora chora, Zé Dirceu, chora, Jenuinamente!

Sandro Alves Silveira: Nunca soube que a luta por se manter no poder dos grupos políticos se diferenciasse de ganhos verdadeiros para a sociedade. A dicotomia burra é: nunca existiu interesse mesmo em melhorar as condições sociais, só uma luta pelo poder. Onde foi no mundo que essas duas coisas não foram sempre uma só?


Savio Ivo: sandro vc é um alento. quando os esclarecidos estavam pagando pau para o pt e eu reclamava por caussa da substituição do corpo técnico da caixa econômica, eu era um pária. até diretor de parque nacioal virou posto político para sindicalista. hoje, quando eu falo mal dos rebeldes de plantão, sou reacionário.

mas conhecimento de causa não fica bem.

Sandro Alves Silveira: E os atos menores em repercussão mas não em "grandesa"? Aqueles gestos de forminguinha?

# Luis Gozaga que obrigou os coroneis de uma cidade do nordeste a dançar junto com os pobres (ou foi com os negros?). Gonzagão disse que só daria o show se todo mundo pudesse curitir, assistir, dançar e relar o bucho. ...

# Lembrando Nises da Silveira. O sistema de saúde mental pública de BH é louvável! (prefeituras seguidas do PT)

Sandro Alves Silveira: A tendência a polarizar, a correr para uma ilusão simplificadora que mostra a vida como um imã, é fruto do medo da sabedoria e da ousadia de pensamento: a polissemia e a pluralidade são muito difícies. Ganha-se mais cargos e imagem de bacana sendo um revolucinário de plantão do que um inquieto! Alentemo-nos Sávio, mas não dá prá aliviar para os acomodados. Como disse a Rita Lee, eles que se incomodem!

Savio Ivo: ontem eu vi o tom zé em uma entrevista sobre a exposição sobre o "pequeno principe". ele lembrou uma questão que o paulo freire comentava: quando nos tornamos protagonistas da história, usamos os mesmos aparatos repressivos nos quais fomos formados.

sinto falta de pensamento, uma percepção, sei lá. articulação para além de status no meio imediato.

Sandro Alves Silveira: Eu entrei em parafuso por ter sido recomendado a não maisão coloborar com meu pensamento no mural de facebook de uma psicanalista carioca bem sucedida. Como diz o Tom Zé no filme sobre o Arnaldo Baptista: "As pessoas têm medo ... pro pensamento elas dizem ´vade-retro' ". Tem umas criaturas que repudiam alguma divagação que busca virar reflexão gente grande dizendo que o que podemos fazer é o que está ao alcanse dos nossos braços e dos nossos bolsos. Ainda bem que o ser humano não é tão limitado.

Quando acabou a ditadura vivi muitos lugares da cultura-política onde não soubemos o que fazer em um mundo onde não bastava dizer não, onde não bastava reclamar da repressão com palavras de ordem acéfalas. Senti isso no Colégio Palmares de Brasília. A liberdade veio vindo e junto com ela um monte de escombros e um monstruoso vazio. Tem que ter peito ou culhão ou os dois prá encarar mutações sociais. Olhos abertos para os novos estratagemas repressivos. São mais que aparatos, são desempenhos (lembra do Fernando Vilar?). São complexos simbólicos em desempenhos. Temos que botar nosso bloco na rua. A pobre rica psicanalista assistencialista ante-pensamento carioca cruzou meu caminho em tão boa hora que só posso agradecer ao destino. É preciso ver alguém fazendo uma besteira descomunal prá gente se tocar que é possível fazer alguma coisa razoável e necessária!

Savio Ivo: como é esse negócio de botar o bloco na rua?

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